Coisas de Fraldas e afins

- 13.12.06

Coisas de Pais
É sempre uma alegria ter um filho que já pede para fazer xixi e cocó, que despe as calças sozinho e se senta na sanita, bem comportado, ou então levanta a tampa e faz xixi com mais pontaria do que alguns pais deste país. Que mais não seja porque a conta de supermercado reduz-se substancialmente sem o pacote de fraldas que, mesmo com IVA reduzido, custa uma fortuna. O Sebastião ainda é pequenino demais para tamanhas proezas, e agora que anda com diarreia e faz cocó cinco ou seis vezes por dia (daqueles que passam a roupa e ficam colados às costas), levá-lo a algum lado é uma aventura. No Domingo fomos almoçar fora com uns amigos nossos, e tive que o trocar duas vezes à frente dos clientes porque a casa de banho não tinha espaço para tal. A minha amiga, que está grávida de três meses, ficou escandalizada com tamanha quantidade de porcaria, e perguntava ao marido, entredentes: "Isto não é sempre assim, pois não?". Depois perguntou-me, com o sorriso menos amarelo que conseguiu esboçar, até aos quantos meses é que eles usavam fraldas. Respondi-lhe que era até aos dois anos, mais ou menos, e o sorriso, que já era amarelo, ficou roxo, verde, de todas as cores. Os clientes da mesa do lado também saíram mais cedo, e os restantes só ficaram porque também tinham filhos e estavam totalmente solidários connosco. Até me emprestaram toalhetes, porque o cocó à la Sebastian esgotou o stock que eu tinha levado.
Mas deixar de usar fraldas não tem só vantagens. Sobretudo de início, quando os nossos filhos ainda não sabem o sinónimo de "aperta o rabinho", "torce as pernas", "vá lá, aguenta só mais um bocadinho"... Já muitas vezes tive que encostar o carro na berma e sair a correr para ir pôr o meu filho a regar o cimento. Uma vez estava no multibanco - num daqueles que é dentro do banco, e está aberto fora de horas, com câmaras de vigilância - quando ele me diz, em aflição: "Mãe, quero fazer xixi"... Foi só o tempo de anular o pagamento e tentar tirar o cartão à pressa, já ele estava em cima do tapete da entrada, a deixar escorrer o xixi por dentro das calças. Olhei para câmara, com um sorriso culpado de quem não roubou nada, e saí à pressa antes que a mancha alastrasse mais. Hoje foi no supermercado. O carrinho já estava cheio, mas ainda faltava muita coisa para comprar, as filas para pagar eram intermináveis, e a minha paciência já estava no seu limite. Quando o meu filho, que já tinha derrubado uma pilha de brinquedos e trepado para cima dos congelados, me aparece já com as calças e as cuecas em baixo: "Mãe, quero fazer xixi"... Abandonei o carrinho e lá fui, furando por entre as pessoas, com o meu filho meio despido, para a porta da saída: "Desculpem, é uma emergência"... Deviam arranjar sirenes especiais para mães com filhos aflitos. Colocavamo-las na cabeça em momentos de crise e aí íamos nós em excesso de velocidade com toda a gente a dar-nos passagem: "Coitada... Deve ser grave... E a casa de banho mais próximo ainda é tão longe..." Felizmente não era cocó, ou teria que improvisar alguma coisa para lhe limpar o rabinho. Uma vez já tive que usar talões velhos de multibanco que tinha na carteira. Sempre serve de alguma coisa andar com a carteira cheia de papéis velhos...

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2 comentários

  1. Hum... Por isso é que a tua carteira hoje estava mais vazia! ; ))
    És uma grande mãe!
    Bjs

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  2. Às vezes, em missão tem de se improvisar verdadeiramente. Folhas de figueira e calhaus daqueles polidos pelo rio são o menos mau. Enfim, conversas de fezes...
    Diálogo politicamente correcto com crianças acerca destes temas:
    -Pai, desejo defecar. Também mictarei se para tal tiver oportunidade...
    -Defecará o meu menino mas apenas na casa de banho. Para já comprima o esfíncter anal de forma a que não haja um incidente...
    -Incidente ou acidente, papá?
    -Ambos, meu filho. Em todo o caso, não irrite o segurança. Podemos ser defenestrados e isso seria grave dado que estamos num terceiro piso.
    -Tem razão papá mas estou aflito...
    -Bem, é neste momento que a fêmea do suino retorce o apêndice caudal.

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