Coisas de Dias Difíceis
Coisas de Pais
Hoje o meu filho Afonsi teve o seu primeiro contacto com os dias difíceis da mamã. Sentada na sanita, com ele a enfiar todas as escovas de dentes na sua boca, e o irmão a provar o gel que usei no Natal para lhes baixar os arrepios, tentei disfarçar aqueles gestos mais íntimos e mais nojentos com que todas as mulheres se vêem confrontadas uma vez por mês. Mas a pressa é inimiga da perfeição, e os movimentos que queria ligeiros e imperceptíveis, acabaram por espalhar no chão a caixa inteira dos tampões e um resto de pensos higiénicos que estavam ao lado. O Sebastião estava entretido (o gel deve ter um sabor agradável), mas o Afonso não deixou escapar a minha atrapalhação. Os tampões já os conhecia. Costuma brincar a fazer pilhas com eles quando estou a tomar banho e tenho que o manter por perto. Mas até então ainda não tinha percebido que aquelas bolsinhas coloridas que estavam empilhadas num saco igualmente colorido, continham um penso que se colocava nas cuecas da mamã e que, felizmente, ele teve a sorte de o apanhar imaculado. "São as tuas fraldas, mamã?". Respondi um mais ou menos, aliviada por ele ter respondido à pergunta em vez de ma ter colocado. Eu não teria melhor resposta. Mas depois passei horas a ser gozada por ele: "Tens fraldas, mamã! És bebé! Bebé!" Acho que as criancinhas devem aprender, desde pequenas, a encarar tudo o que diz respeito ao corpo humano como natural, mas há coisas que eles (já que "elas" não têm outro remédio) podem passar sem ver. Para evitar um "que nojo, mamã", nos próximos cinco dias só vou sozinha à casa de banho...
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