Coisas de Filhos Ausentes
Coisas de Pais
O Afonso está em casa dos avós desde segunda-feira... há três longos e intermináveis dias, em que tenho trabalhado o dobro, descansado o dobro, tenho ido a jantares e ao cinema (porque o Sebastião deita-se cedo e dorme a noite toda. Posso deixá-lo com a minha empregada sem problemas de consciência). Mas e as saudades? E a casa vazia? E os brinquedos por desarrumar? O levar à escola e o trazer, no nosso trajecto de intimidades? As birras no banho? As necessárias distrações para comer? O Sebastião está a adorar ter as atenções só para ele, até porque nestes dias tenho aproveitado para fazer algumas coisas com ele que geralmente não tenho tempo, como ler-lhe histórias e tocar piano. Mas ele próprio sente falta de qualquer coisa cá em casa. Quando ligo para os avós (no mínimo três vezes por dia), ele corre para o telefone e grita "man... man..." E quando o Afonso me diz: "Mamã, anda ter comigo", aperto o Sebastião com força e comalto com ele as saudades que sinto do irmão. É a vantagem de se ter dois filhos. Um compensa a falta do outro. O pior é que vai chegar a altura em que este também vai querer ir para casa dos avós. Talvez seja altura de ter outro filho. E, por esta lógica de ter sempre algum comigo, acho que a minha casa se vai transformar numa creche...
(Diz-se que as mulheres que não querem ter filhos são egoístas. E o que dizer das mulheres que querem ter muitos filhos para terem sempre amor, casa cheia e companhia? O princípio é igualmente egoísta. A diferença é que as mulheres que têm muitos filhos passam rapidamente do princípio à prática, e o egoísmo transforma-se numa partilha necessária que dá muitas olheiras mas muitas mais alegrias...)
0 comentários