Coisas de chamada de atenção

- 29.1.11

E pronto. É isto que os pais sentem quando os professores os mandam chamar e dizem que o filho anda esquisito, a portar-se mal, aéreo e com chamadas de atenção. Os pais estiverem 4 dias no bem bom, deixaram os filhos com os avós para irem dormir e comer à grande e à francesa, sem gritos, nem confusões, nem choros, nem birras, nem fraldas, nem horários, nem TPCs, nem Pandas, nem pesadelos a meio da noite, e quando voltam ouvem estas coisas. E sentem-se mal. Muito mal. E pensam que não deviam ter ido... mas soube-lhes tão bem! Fazia-lhes tanta falta. E eles vieram de lá tão descansadinhos da vida, com os sonos em dia e saudades dos filhotes...
Ser pai é viver neste dilema de termos filhos, mas termos de pensar que eles não são só nossos, e nós não somos só deles, e por isso culpamo-nos quando vivemos demasiado para eles, mas também quando resolvemos pensar um bocadinho em nós.
No caso do Sebastião (o filho em causa, que anda a chamar a atenção), existe um problema acrescido, que não é destes dias, é de sempre. O Sebastião é o "entalado" dos irmãos, aquele que, em virtude de ter nascido no meio e ser um bonzão, nunca ter dado trabalho nenhum, sempre foi aquele com que menos nos preocupávamos. Na fase dos "2", o Afonso ia sempre à frente, foi ele a fazer as primeiras gracinhas, a dizer as primeiras palavras, a fazer as primeiras observações engraçadas, a descobrir as letras, e os números, a entrar na Primária... O Sebastião perdeu a vez da "primeira vez". Já tínhamos assistido às suas novidades, e a nossa reacção foi muitas vezes de "mais uma vez" do que "primeira vez". Com todo o amor do mundo. Mas indisfarçadamente menos surpresa.
Depois começou a fase dos "4". E o Sebastião teve que fazer parelha com o irmão mais velho, porque a mãe estava demasiado ocupada com os irmãos bebés. E, sempre que a mãe conseguia tempo para a "dupla" mais velha, era para dar atenção ao Afonso, por causa dos TPC, das suas exigências, da sua ininterrupta conversa, das suas permanentes negociações, das suas agitações. O Sebastião, pacholas, sempre ficou com os restinhos da mãe. De que lhe tem valido, afinal, ser bonzinho e paciente? Pois que agora começou a dar sinais de impaciência. Talvez estas chamadas de atenção sejam para reivindicar o seu lugar. E com justa causa. Por isso desde hoje que há novas medidas cá em casa:
- À hora dos TPC do Afonso, a mãe faz também uma ficha ou um jogo com o Sebastião (que assim não fica por casa esquecido até à hora do banho e do jantar)
- A escolha dos livros que lemos à noite é alternada, uma noite é o Afonso, na outra o Sebastião (já era assim há umas semanas, mas o Afonso acabava sempre por escolher pelo Sebastião, cujo poder de decisão deixa muito a desejar)
- Os programas do fim-de-semana também vão ser à vez.
- Sempre que o Afonso tiver festas de anos, em vez da mãe aproveitar para trabalhar, vai fazer um programita com o Sebastião.
E pronto. Vamos ver como corre. O problema vai ser quando os gémeos também começarem a chamar a atenção... Inventem-se pais com mais braços e dias com mais horas, por favor!

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1 comentários

  1. Vai corre bem! Os filhos são mesmo assim. Mesmo que seja só um, e a mãe ande cheia de trabalho, e o rapazolas ainda nem tenha 5 meses... eles sabem, eles "cheiram" quando não têm tudo o que acham q merecem. E o Titão é um "sobreviente" no bom sentido da palavra. Ele com os seus 5 aninhos vai aranjando mecanismos de adaptação muito saudáveis para ir "sobrevivendo" no meio dos irmãos. Acredito que isto seja apenas uma fase,não ponhas demasiada culpa em nada! (até porque sem as tuas escapadelas, não consegues continuar a dar carinho de qualidade, nem a sorrir devidamente... e eu poucas vezes te vi sem esse sorriso e boa disposição!) És uma mãe com 5 estrelas! e quando chegar a vez dos gémeos, terás toda a sabedoria para fazer da melhor maneira.
    Um beijo do tamanho do mundo
    Zabé

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