Coisas de confissão

- 6.9.11

Este Domingo decidi ir mostrar o Convento de Mafra à miudagem. Senti-me o verdadeiro José Hermano Saraiva, misturando partes do "Memorial do Convento" com coisas de que me lembrava das minhas visitas de infância ao Convento, e outras tantas inventadas que normalmente suscitavam mais a curiosidade dos miúdos do que as outras. O pai também contribuiu com umas boas, a lembrar as vinhetas do "Calvin & Hobes", por isso a minha esperança é que eles um dia façam outra visita ao Convento com a escola, e tenham um guia a sério que lhes conte tudo como deve ser. E que eles se esqueçam entretanto do dia em que as ratazanas lutaram com os monges, das caçadas dos reis pançudos e dos morcegos leitores...
Entretanto o meu filho Afonso (7) deparou-se com um confessionário "à antiga", e lá lhe expliquei que, no próximo ano, há-de chegar o momento em que ele terá de ir ter com um padre e contar-lhe os seus pecados. Resposta do maroto:
- Ihhhh, mami! Nunca mais de lá vou sair! Faço asneiras a toda a hora!
Nem é verdade, coitadinho. O problema é que, ou muito me engano, ou o padre vai mesmo ter que o expulsar do confessionário, sob risco de passar o dia inteiro a ouvir os pecados reais e inventados do Afonso, as suas dúvidas sobre o mundo, os seus sonhos, as suas histórias, as canções do Nickelodean, as ideias para histórias, as suas naves espaciais... Pobre padre! Já estou a vê-lo, desesperado, a tentar mandar o meu filho embora:
- Agora o acto de contrição, meu filho.
- Não, espere. Ainda não lhe contei que estou a fazer uma banda com os meus amigos. Vou-lhe cantar a música principal...
E pronto! Durante uma hora ou duas a professora dele vai ter descanso, e a mãe também. Não vai é haver Avé Marias que cheguem para combater tanta tagarelice!

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