Coisas de Soldadinho de Chumbo

- 9.7.12

Fartinha de ter que trabalhar tanto e ver-me grega para sugerir brincadeiras aos meus filhos que os afastem da televisão, hoje resolvi pegar neles e levá-los ao teatro. Há muito tempo que não conseguíamos ir, ou pelo meu trabalho, ou pelos jogos de hóquei dos mais velhos, ou porque os teatros só davam para os mais velhos e não tinha com quem deixar os mais novos, ou porque quando ligava já não havia bilhetes... Mas hoje a coisa deu-se. E lá fui eu com os 4 piolhos para o Centro Cultural da Malaposta, para ver a última representação do Soldadinho de Chumbo.
- Mãe, quero bolachas...
- Mãe, quero chichi...
- Mãe, o GPS estava a mandar-nos para o outro lado...
Dez minutos depois de sair de casa e começava a dar razão ao pai, que me chamou maluca por me aventurar sozinha numa ida ao teatro com os 4.
Finalmente, depois de uns choros e de umas desorientações, lá avistei o teatro. Infelizmente deixei passar o parque, o que implicava que teria que dar uma nova volta a Odivelas para lá conseguir entrar.
- Afonso... vais sair do carro, entrar no teatro, e dizer a alguém que a tua mãe está aqui fora com os teus 3 irmãos pequeninos e precisa de parar o carro aqui à porta.
- E eles vão deixar?
- Afonso... tens que dizer que és tu e mais 3 irmãos! E que a tua mãe está atrasada e aflita.
3 minutos depois, vi aparecer lá de dentro um simpático senhor cheiinho de pena de mim que lá retirou a corda que vedava o acesso aos lugares dos autocarros das escolas, e lá me deixou estacionar. Afinal de contas, eu estava com uma carrinha de 7 lugares! Era quase um mini-bus de filhos!
Foi assim que conseguimos entrar no teatro a horas, chamando imediatamente a atenção de todas as simpáticas mães e pais que se tinham deslocado ao teatro com os seus filhos.
- São todos seus? - perguntou logo uma senhora mais ousada.
- É verdade. Todinhos.
E os menos ousados cochichavam, espantados. Eram só 4, mas todos de igualzinho a entrar por ali adentro de mãos dadas, chamava a atenção de qualquer um, tenho que admitir.
E depois, finalmente, o teatro. Lindo. Emocionante. Com os mais velhos a subir ao palco, o Dudu a cantar e a tentar bater calmas com a sua mão ligada, e a Nonô vidrada na linda bailarina, sorrindo-me com vontade de ser ela a vestir aquele tutu... É certo que tive que enfiar umas bolachas às escondidas na boca do Dudu e da Nonô. Que tive que controlar a vontade de interacção do Afonso e do Sebastião. Que não deixámos a casa de banho dos deficientes tão limpa e aprumada como estava. E que os meus filhos trocaram várias vezes de lugar, em diferentes composições manos-com-manos, filhos-com-mãe, sem que eu conseguisse controlá-lo em todas as vezes. Mas, no final, não podia ter ficado mais contente por me ter aventurado a sair de casa. Os meus piolhos mostraram o que valiam. E vá (que a mãe hoje precisa de uns miminhos) eu também...


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