Coisas de Dia de Reis com presentes especiais

- 8.1.13

Chegaram-me com ar comprometido e uma mica nas mãos. Estranhei os sorrisos. Não eram de quem fez asneira. Também não eram propriamente de marotice.

- Era para te darmos isto no Natal, mas não acabámos a tempo... Fica de dia de Reis.

Entregaram-me a mica e o meu coração disparou. Era uma história. Uma pequena história feita pelos meus dois filhos mais velhos, para oferecer à sua mamã.

- Quando é que vocês fizeram isto?
- Às escondidas, durante as férias. Lê.

Engoli a choradeira que me apetecia ter soltado, logo ali, tirei as folhas da mica e comecei a ler. Os gémeos aproximaram-se, pensando ser já a história de boa noite. Mas era bem melhor do que isso.

"Era uma vez um menino chamado Sadness. Deram-lhe esse nome porque ele tinha uma mãe inglesa e porque ele estava sempre triste porque não tinha conhecido o seu pai.


(Sebastião): Mamã, o Afonso desenhou mas fui eu que pintei os desenhos!!

"Por causa disso eles tinham menos dinheiro. E não iam poder festejar o Natal, a sua época preferida. Eles não podiam comprar nem fazer os seus presentes. E só faltavam cinco dias para o Natal."


"A mãe, desesperada e triste, já só tinha uns 70€. Ela só podia escolher entre comida, a árvore ou os presentes.
Eles não iam poder festejar o Natal. A mãe tinha escolhido a comida"


- E o resto, meninos?
- É uma história em aberto. Mas tu sabes, mãe. É aquela coisa de ser mais importante estarem todos juntos do que terem presentes.

Sei que foi a preguicite que não os deixou terminar a história, mas também sei que estavam a gozar as suas férias e resolveram tirar um pedaço delas para me fazer um presente. Quanto vale isto? Sim, sim... é aquela história de valer mais do que qualquer dinheiro no banco.

- Venham cá, meninos. Foi o meu melhor presente de Natal! Ou melhor... de Dia de Reis!

Agarrei os dois num abraço só, e os gémeos aproveitaram e também me saltaram em cima.
E não é que as surpresas ainda não tinham acabado? Para o papá houve um pedaço de música na guitarra composto pelo Afonso, acompanhado pelo ritmo de baquetas do Sebastião. Uns dois compassos, apenas, que o Afonso não tem propriamente veia de compositor, mas valeu pela ideia, pela tentativa, e pelo trabalho de equipa dos dois irmãos.
Só consegui deitá-los já passava das 10 da noite, tarde mas com uma valente certeza: tenho os melhores filhos do mundo!!!

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