Coisas de linchamentos públicos
Quando vejo casos de jovens como a Pepa a serem linchados nas redes sociais, há algo de mãe em mim que me leva logo a pensar que a rapariga podia ser minha filha.
Não gosto de linchamentos públicos, nunca gostei, e só nos últimos dois meses já tivemos dois: Isabel Jonet (que não podia ser minha filha, mas quase podia ser minha mãe, o que me causa um igual nó no estômago) e agora este da Pepa. Goste-se ou não da ideia da Samsung, goste-se ou não do que a Pepa diz e como diz, goste-se ou não da dita mala Channel, porque é que vídeos como este nos incomodam? Porque refletem uma juventude materialista? Mas não andamos há anos a dizer aos nossos filhos para fazerem cartas ao Pai Natal a pedir brinquedos? Não lhes prometemos consolas se eles passarem de ano? E carros se eles entrarem na Faculdade? Não lhes pomos dinheiro na mão para eles comprarem roupa de marca? Não os enchemos de gadgets?
Bem... se calhar agora já não, porque não podemos (ou pelo menos tanto), e isso tem-nos feito pensar na importância de outras coisas que foram ficando esquecidas nesta sociedade de consumo. Mas não tenhamos dúvidas de que teremos pela frente toda uma geração de jovens a quem ensinámos a ser materialistas e a viver em função daquilo que o dinheiro lhes podia comprar. Uma geração a quem não podemos exigir agora que tenham como desejo máximo a paz no mundo e a felicidade suprema do ser humano!
O problema não é a Pepa, é todo um tipo de sociedade que criámos e pelo qual todos somos responsáveis (embora com razões históricas, económicas e políticas a justificá-lo). E isso não se resolve com linchamentos públicos. Resolve-se com reflexão e com uma nova educação/formação das novas gerações, que terão necessariamente de voltar os seus desejos para algo que lhes dê um mundo mais duradoiro e uma felicidade menos precária.
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