Coisas de Mãe de 6 e o tanto que o país tem de mudar!

- 26.4.14

Amanhã, bem cedinho, os meus cunhados levam para sua casa os dois filhotes que, nestes cinco dias, fizeram de mim uma "mãe" de 6.

Com tudo deitado e já no segundo sono, dou por mim a pensar que, nas questões práticas, não é assim tão diferente ter 4 ou 6 filhos. É só mais qualquer coisa de comida, mais umas peças de roupa para lavar e passar, o carro mais cheio... mas a diferença - entre a confusão e a confusão - não é assim tão grande.
O problema é que ter filhos é (ou deve ser, idealmente) mais do que zelar pela sua sobrevivência. As crianças exigem atenção, têm personalidades próprias, interesses diferentes, vocações distintas, formas de reagir diversas... e gerir tudo isto é que já pode ser uma dor de cabeça...
Esta manhã fui com todos para um parque, correr, andar de patins e bicicletas, e a dada altura olhei-me de fora e ri-me de mim mesma. Tinha-me transformado num autêntico general! (eu, que até nem nunca tive perfil de líder) Esbracejava, chamava aqui e ali, geria disputas e mini-conflitos, dava sermões, organizava, explicava, decidia, exigia, premiava... Foi uma grandiosa lição de liderança e penso até que não me saí muito mal (pelo menos chegou tudo inteiro a casa, bem-disposto e amigo dos outro). Mas liderar cansa. Exige serenidade. Capacidade de antecipar os problemas. De saber gerir as diferentes personalidades e as relações entre elas. Pensar o que pode agradar e de que forma. Pensar o que pode ser-lhes proveitoso para o seu crescimento enquanto pessoas e de que forma.

Por isso hoje o meu pensamento é para os pais de famílias numerosas (algumas mesmo com muitos filhos!), a quem tiro o chapéu, porque dedicam grande parte do seu tempo a tentar transformar os filhos em adultos felizes, bons cidadãos do mundo.
E penso sobretudo nos professores que têm turmas de quase 30 alunos, a quem têm de ensinar matéria que nunca mais acaba. Penso em como eles gostariam de fazer parelha com os pais e transformar os alunos em adultos felizes e bons cidadãos do mundo, mas tantas vezes não têm tempo para mais do que despejar quilos de matéria a uma multidão com a sua personalidade, interesses, reações e expetativas diferentes - mas completamente secundarizadas.
E pergunto-me se é isto que vai fazer dos nossos filhos adultos felizes, bons cidadãos do mundo.
E pergunto-me se, caso os nossos filhos não venham a ser adultos felizes e bons cidadãos do mundo, de que lhes valerá saber muito?
E porque hoje é dia 25 de abril, atrevo-me a ir mais longe e a dizer que, trabalhar para um país novo, que se deseja mais do que nunca renovado, é pensar muito seriamente, primeiro do que tudo, no ensino. Porque o que Portugal vai ser daqui a 20 anos, depende em larguíssima medida da forma como educarmos as nossas crianças.

E não podemos esperar que as crianças, por si só, fiquem mais calmas.
E não podemos esperar que os professores, por si só, se desdobrem mais do que já desdobram e consigam fazer melhor.

Precisamos de turmas mais pequenas. Mais professores a trabalhar (e há tantos parados, meu Deus!). Precisamos de rever currículos (para os tornar mais ajustados à realidade e ao que realmente importa saber a uma criança dos dias de hoje), de rever formas de os apresentar (uma criança sentada um dia inteiro numa cadeira foi uma concepção do tempo de revolução industrial! As crianças precisam de incorporar o seu corpo no processo cognitivo, de aprender brincando, de aprender interagindo), de rever os horários da escola (um dia inteiro e ainda trabalhos de casa? E o tempo para brincar??), os pais precisam de rever os seus horários de trabalho (precisam de horas livres para prestarem um importantíssimo serviço ao país, educando da melhor forma a próxima geração, com a devida remuneração), e uma equipa de pensadores (não políticos) deveria dedicar umas boas horas a responder a três perguntas apenas: O que é o ensino? Para que serve? Que tipo de cidadãos queremos ter em 2034.

E aí, eu começava a acreditar que estávamos a dar um bom uso à liberdade conquistada...

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1 comentários

  1. Sara, candidata-te e eu voto em ti! Sem hesitações!!!
    Se geres uma casa com 6 pessoas, gatos e tudo, geres o país com uma perna às costas! :-)
    Eu ofereço-me para Ministra da Agricultura e Veterinária com uma perninha na Educação! :-) Ou vice-versa! :-)
    Beijinhos e boa semana de preparação para a candidatura!

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