Coisas de Fartura da Escola!

- 27.11.14

Farta
Muito farta (Absoluto Analítico)
Fartíssima (Absoluto Sintético)
Fartalhuca (Absoluto Disparate)

da escola! Dos testes, da pressão, dos trabalhos de casa, das notas, do "já me safei" ou "estou lixado", da absoluta ausência de tempo para brincar, para rir, para darmos passeios, para contarmos histórias, fazermos teatros, dançarmos e cantarmos, usufruirmos do bom que é crescer e viver em alegria.

A escola deveria ser um lugar de aprendizagem saudável, mas tem vindo a ser transformado, cada vez mais, num lugar competitivo sem lugar à brincadeira e ao convívio. Fico agoniada (e os meus filhos ainda mais!) cada vez que me falem em médias, rankings, notas, testes, necessidade de serem os melhores, cada vez melhores.
Melhores em quê? Para quê?
Eu só queria que os meus filhos fossem pessoas felizes. Curiosos pelo mundo. Que gostem de aprender e de serem melhores todos os dias. Que descubram as suas potencialidades. Que aprendam a melhor forma de as colocar ao serviço dos outros e do mundo. Que riam, corram, saltem, aprendam a relacionar-se com os outros e a respeitá-los, na igualdade e na diferença. Que sonhem, que acreditem que vão conseguir transformar o mundo num lugar melhor, cada vez que abraçarem alguém...
Mas cada vez há menos espaço para essa escola. E, porque os pais também não têm tempo (ou mesmo que tenham, têm de estudar com os filhos para eles se safarem melhor nos testes), a "escola da felicidade" também já não acontece em casa. Já não acontece em lado algum.
E as crianças, que podiam ser felizes, transformam-se em bolas amorfas de conhecimento. Cansadas da vida, quando a vida - essa vida maravilhosa que nos é dado viver - ainda só está no começo.

Férias do Natal precisam-se!
Mas um novo sistema de ensino também...

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6 comentários

  1. Eu concordo com tudo. A escola de hoje não deixa brincar nem sonhar, e dá dó de ver os miudos ainda pequenos sem tempo para poder brincar á vontade.
    O tempo está todo contado e sobra tão pouco para ser criança…

    bjos

    maggie

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  2. Depois de três anos de escola primária em Portugal, com muitos trabalhos de casa (em especial no último ano, devido à mudança para uma escola onde ficam muito bem preparados mas não têm tempo para serem crianças) deu-se a mudança para uma escola Inglesa (pública, tenho ideia que nas "prep schools" a coisa não se passa bem assim), onde há trabalhos de casa duas vezes por mês, com 9 dias para serem feitos e onde não há testes (aqui não há chumbos, mas há acompanhamento extra (tipo explicação) para os alunos com dificuldades) pois não podem acabar a primária sem um nível mínimo de conhecimentos).

    Os trabalhos de casa demoram, em média 2 horas a completar (no total, aproximadamente 20 minutos por dia) e incluem tabuada, 20 palavras para um teste de "spelling", e um trabalho (de matemática, inglês, science, religião, etc.) que normalmente implica a aplicação prática do que se aprendeu (desde exemplos de formas geométricas no dia à dia, diferentes pesos e a sua equivalência, à Grécia antiga). O objectivo é que façam tudo sozinhos, sem pedir ajuda aos pais, incluindo a pesquisa (na internet, se os pais autorizarem, ou então na biblioteca, como se fazia quando eu andei na escola).

    Se a princípio me fez muita confusão (fiz toda a escolaridade no sistema privado, sempre com muitos trabalhos de casa e testes mensais a todas as disciplinas), confesso que estou rendida ao sistema. A aprendizagem é a mesma, a criança muito mais feliz e relaxada, sem o stress de pelo menos 2 horas diárias de trabalhos de casa, testes e trabalhos para casa nas férias. Os miúdos tem tempo para a escola, actividades extra-curriculares (o número de miúdos que faz desporto e toca um instrumento é enorme) e para serem crianças, e os pais não passam os fins de semana entre trabalhos de casa e estudo para os testes.

    O próprio método de ensino é diferente, pois dentro da mesma turma (que têm 30 alunos, note-se) estão divididos em grupos de acordo com o nível de conhecimentos. Há miúdos que no year 5 (nosso 4º ano) dão matéria de anos mais avançados, aproveitando as suas capacidades, enquanto outros consolidam conhecimentos de anos anteriores. Não se marca passo porque um aluno não apreendeu um conceito, nem se deixa ninguém para trás por não perceber a matéria.

    O sistema não é perfeito, longe disso, mas a mim parece-me muito mais equilibrado que o actual sistema de ensino português, onde não interessa o que se aprende, mas sim ter 5 no exame de 4º ano (na maioria das escolas trabalha-se mais para o resultado do exame do que para a aprendizagem, se não sai no exame não interessa).

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  3. Exato, Maggie. E por mais que os pais o queiram contrariar, torna-se cada vez mais difícil... Estamos todos (alunos, pais, professores) a enlouquecer com este sistema e a perder os melhores anos da nossa vida (os filhos a sua infância, nós, pais, a infância deles...)

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  4. Obrigada pela partilha, Ana. Não conheço esse sistema, mas parece-me de facto bem mais equilibrado. Vou investigar ;).

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  5. Estou de acordo com o texto. Olho , vejo o tempo a passar, os dias voam e a minha filhota chega à hora de jantar e diz-me: "Hoje não tive tempo para brincar!". Fico com o coração apertado e penso que está tudo errado. A escola, os horários dos pais...sinto que temos que ser criativos para podemos dar oportunidades aos nossos filhos de serem crianças e crianças felizes.

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  6. Mesmo, Ana! Hoje o meu filho mais velho fez o último teste, chegou a casa num alívio tremendo e perguntou-me aquilo que eu ando a perguntar-me há tanto tempo:
    - Qual é mesmo o objetivo de tantos testes e exames? Para além de servir para nos fazer odiar a escola...
    As mudanças são cada vez mais urgentes. Na escola, em casa, alguma coisa tem de ser feito, antes que cheguemos a um ponto de ruptura irreversível.

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