Coisas de Escola pelos cabelos
Afonso deitado no sofá, de cabeça para baixo, tapado com o cobertor.
(Mãe) O que é que se passa, Afonso?
(Afonso) Estou zangado com a vida!
Motivo? 1 pilha de trabalhos de casa, 2 testes para a semana, 2 trabalhos.
(Afonso) O fim de semana devia ser para descansar. E todos os fins de semana é isto! Já não aguento mais a escola!
Esclareço que o meu filho só tem 11 anos e, no ano passado, terminou o ano com quase tudo 5. E tem a escola, literalmente, pelos cabelos!
(Mãe) Afonso, pensa que tudo aquilo que estás a aprender é útil e vai ser importante para o teu futuro...
(Afonso) A respiração dos peixes, mãe?!
A respiração dos peixes foi tão importante para o meu futuro, que eu nunca me lembro sequer de ter falado nisso na escola...
(Mãe) Afonso, tu sabes que a Mãe também acha que o ensino devia ser diferente... Se um dia a Mãe mandar, eu prometo-te que vou tentar que a escola seja uma coisa mais agradável, que vos dê mais prazer. Ou talvez um dia sejas tu a mandar, e transformes o ensino noutra coisa qualquer... Mas o que temos agora é isto. E não é assim tão mau.
(Afonso) É mau, mãe!
(Mãe) Claro que não é. Se tu te concentrares, fazes isso num instante e ficas com tempo para brincar...
Resmungou mais um bocado mas lá se convenceu. Lá se sentou à secretária. Lá despachou os trabalhos de casa (o resto fica para amanhã)...
(Afonso) Mesmo assim, mãe... acho que devíamos mandar uma carta ao governo!
Fiz-lhe uma festa na cabeça, vi-o pegar no seu livro e estender-se no sofá (sim! Ele só queria ter mais tempo para ler o seu livro, que está numa parte empolgante!). E pensei para comigo que quem vai escrever uma carta ao governo sou eu!
2 comentários
O Afonso não será sobredotado? Isso pode explicar o desinteresse..
ResponderEliminarObrigada pela preocupação :).
ResponderEliminarApesar de ele não ter dificuldade na escola, não noto nele os sintomas de uma criança sobredotada (e já tive oportunidade de conhecer algumas). Acho que ele só quer mesmo mais tempo para brincar e para fazer aquilo que gosta. E tempo é hoje um bem muito escasso... até para as crianças!