Coisas de adolescência ao rubro

- 3.3.16

Os meus filhos mais velhos andam, como tantos outros pré-adolescentes, a tender para o comportamento compulsivo em relação aos jogos. Em casa somos mais ou menos rigorosos com os tempos de jogo, mas começámos a perceber que eles nos tentavam trocar as voltas. Tinham o telemóvel escondido na casa de banho (e passavam horas na sanita!), punham-no debaixo do livro quando supostamente estavam a ler, de cada vez que iam ao quarto buscar qualquer coisa, demoravam horas... e portanto, sendo os telemóveis a maior fonte de obsessão... decidimos que os telemóveis fixes, cheios de distrações, iam pura e simplesmente acabar.

(Afonso) Mas os meus colegas passam os intervalos a jogar!

(Mãe) Vivem alienados, Afonso!

(Afonso) Mas se eu não jogar com eles (porque eles jogam uns com os outros), o alienado sou eu!

Dantes, para se pertencer a um grupo, tinha de se demonstrar a valentia. Agora, tem de se ter um telefone fixe e jogar em rede. Em todos os buraquinhos possíveis.
E é esta geração, efetivamente alienada, que está a crescer debaixo dos nossos olhos, sem que consigamos fazer nada por ela. A escola não lhes diz nada. A realidade virtual é atraente e viciante. Muito melhor do que a realidade efetiva, cheia de coisas chatas e com poucas vidas para gastar.
E se deixamos, somos cúmplices dessa alienação. Se proibimos, alienamos. Mas, entre um e outro caso, estou em crer que a segunda opção ainda é aquela onde reside a esperança, sobretudo se, à proibição, conseguirmos adicionar alternativas interessantes e saudáveis.

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