Coisas que as Mães também fazem de errado

- 17.1.17

Sempre que termina a patinagem, a Nonô tem o hábito de desaparecer da vista da sua mamã e ir dar voltas e voltinhas ao pavilhão. Esconde-se, quando a mamã a descobre finalmente ela desaparece outra vez... e digamos que desaparecer de patins não dá lá muitas hipóteses à sua mamã carregada de tralhas, as suas e da filha.

A mamã pediu várias vezes à filhota que não lhe fizesse aquilo. Porque a mamã precisava de voltar para casa, e tem mais que fazer do que andar às voltas atrás da filha.

Hoje a filhota voltou a fazer o mesmo... e a mamã passou-se! Pegou nas ditas tralhas e foi para o exterior do pavilhão, à espera que a Nonô se cansasse de fugir da mamã. Outras mamãs foram-lhe dizendo que a filhota andava às voltas. Depois que já estava a perguntar pela mamã. E que se sentou finalmente na bancada, onde devia ter logo tirado os patins. Não foram mais de 10 minutos, e ela até tinha o irmão à frente, no treino, ainda lá estavam as treinadoras e vários pais que ela conhece. Ainda assim, mal a mamã resolveu desfazer a partida e ela a viu, correu para ela com os olhos marejados de lágrimas e o coração a bater depressa.

(Nonô) Onde é que foste? Andei à tua procura...
(Mamã) Como eu ando todos os dias à tua procura, enquanto tu foges de mim. Não é agradável, pois não? Ficamos preocupados, os minutos parecem horas...
(Nonô) Mas tu não podias fazer isso!

Demos um abraço e fomos para o carro, onde ela se encostou a um cantinho, muito triste.

(Nonô) Eu percebi o que tu fizeste. Mas tu não podias fazê-lo, mamã. Eu estou muito triste. E desiludida...

E a mamã, que até tinha achado esperta a sua ideia, ficou de repente destroçada. Encostou o carro na berma, pôs a filhota ao colo e cobriu-a de beijos, numa confusão de lágrimas, da filha e da mãe, da mãe e da filha.

(Mamã) Desculpa, meu amor! Desculpa.

Não por não ter feito nada que a filha não tivesse já feito também. Não que a filhota não merecesse mesmo uma lição. Mas por não ter sido suficientemente criativa para pensar numa forma de ensinar a filha sem ter de lhe pregar um susto. Sem lhe provocar lágrimas nem corações a bater. Não lhe pagar da mesma moeda. Nem ter sido esperta o suficiente para perceber que a sua filhota a tem em grande conta, o suficiente para se desiludir se a mamã embarca por soluções destas.

(Mamã) A mamã não torna a fazer nada igual.
(Nonô) E eu não torno a fugir de ti.

Terá percebido. Mas a mamã também tirou daqui grandes lições...

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3 comentários

  1. Pelo que percebi ela ficou em segurança, e não a abandonou lá! Simplesmente mostrou-lhe que após os pais falarem convém colaborarem! Eles às vezes tiram-nos do sério, e qual seria a outra maneira (para além de conversar) de a fazer entender que não pode fazer isso? A verdade é que conseguiu atingir o seu objectivo e eles têm de perceber (por vezes de forma muito literal) o que nos fazem sentir. Que também ficamos desiludidos quando eles não "percebem" só com conversa. Nem sempre fazemos as coisas da melhor forma, mas convenhamos que no final de um dia de trabalho conseguir ser criativo em todos os "conflitos" com as crianças nem sempre é possível.

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  2. Obrigada pela solidariedade, Isa :). Hoje o sol nasceu outra vez e estamos mais amigas do que nunca. Mas confesso que vê-la ontem desapontada comigo me custou muito. E isso nunca tinha acontecido, mesmo quando eu ralho "à séria" com ela (e confesso que sou uma mãe bem ralhetas! Com 4 furacões em casa...). Nem sei onde ela foi ouvir essa palavra. "Desilusão" é uma palavra bem dura, pelo menos para mim. Se calhar vou ter de me habituar a ela. Sei que a adolescência me vai trazer dessas coisas... Há que ter costas largas para os momentos mais difíceis, em que temos de tomar decisões e atitudes menos simpáticas...

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  3. Sem dúvida... antes de mais somos os pais, os que decidem e (supostamente) sabem o que estão a dizer. Faz parte da evolução eles desafiarem, puxarem os limites para perceberem até onde podem ir. E faz parte nós termos de assumir o papel de líder. Ninguém disse que ser mãe era fácil, é um desafio cheio de desafios, que no fim há-de culminar no desenvolvimento de lindos seres humanos. Força aí, não é fácil!

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