Coisas de Discussões

- 30.11.06

Coisas de Pais
O meu filho Afonso já chegou àquela idade em que não consegue ouvir uma discussão dos pais sem intervir. Normalmente tentamos adiar as questões para um horário tardio, quando o sono profundo já cerrou os ouvidos aos nossos filhos, mas nem sempre a racionalidade nos cala uma resposta mais torta em horário inoportuno, e uma resposta torta puxa outra, e sobe o volume da conversa sem que nenhum de nós perceba no momento a figura patética que está a fazer. Nós não nos apercebemos, mas os filhos sim. O Afonso já não deixa passar uma troca mais acesa de palavras sem se meter ao barulho: “Estão a falar do quê? Estão zangados? Eu não portei mal. Foi o Sebastião...” Se não terminamos imediatamente a discussão para lhe explicar que só estavamos a conversar mas já acabámos, ele desata a imitar-nos com monossílabos imperceptíveis, tipo professora do Charlie Brown, cada vez mais alto, e mais alto, e mais alto, até nos calar. Sentimo-nos os piores pais do mundo e calamo-nos. Não resolvemos os assuntos, o que à partida pode parecer mau, mas a verdade é que o facto de serem os nossos filhos a calar-nos, faz-nos perceber que talvez os assuntos não sejam assim tão importantes. Pelo menos não serão mais importantes do que eles...

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