Coisas de Infertilidade

- 9.5.12

Não posso ficar indiferente a alguns comentários que fizeram ao meu último post. Nunca o partilhei porque não é propriamente uma história da vida dos meus filhos. Mas é certamente a história que lhes deu origem.
Por um acaso da vida, os meus ovários nasceram poliquísticos. Poderia explicar melhor o que isso é, mas até o Google sabe fazê-lo melhor do que eu, e o essencial é que sou alguém com dificuldade em engravidar. Provavelmente ninguém o diria, quando me vê rodeada de filhotes, mas a verdade é que os meus 4 rebentos foram frutos de 3 fertilizações in vitro tremendamente bem sucedidas. Sou um caso de sucesso! Mas isso não significa que não saiba o que é tentar, mês após mês, desejar uma gravidez que não acontece. O que é procurar um médico atrás do outro em busca de respostas e perguntar-me "Porquê eu? Porquê nós?". Hoje sou um caso de sucesso, mas não me esqueço de todas as injecções que dei a mim mesma, de todas as esperas, de todas as forças que tive de ir buscar aqui e ali, e sobretudo da imensa alegria que senti quando os tratamentos resultaram e eu vi um ténue risquinho no meu teste de gravidez.
Só quem passa por isto consegue entender o que eu digo. Por isso o digo pouco. Só a quem entende, e é curioso que cada vez mais mulheres me procurem para que eu o diga, e ajude a acreditar que é possível.
Este post é para vocês.
E termino com uma história curiosa: aos 4 anos, a educadora do meu filho mais velho pediu aos alunos que fizessem um desenho deles mesmos. Todos desenharam uma cabeça com corpo, pernas e braços. O meu filho desenhou um conjunto de bolinhas pegadas umas às outras. A educadora não o questionou, e colocou assim o desenho junto ao suporte da sua mochila. Fui eu quem lhe perguntou mais tarde porque se desenhara daquela forma:
- São ovinhos, mãe. E eu sou um deles.
E foi, na verdade, esta a primeira imagem que tive do meu filho, quando espreitei a minha colheita em laboratório e desejei que, nela, estivesse aquele que viria a ser o meu primeiro filho. E ele lá estava... Desenvolveu-se, foi introduzido dentro de mim, cresceu, nasceu... E hoje gosto de pensar que nunca se esqueceu da primeira vez que eu lhe sorri...

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12 comentários

  1. Já te leio há algum tempo e não fazia ideia que tinhas passado por esta aventura da infertilidade.

    Eu também tive que lutar contra esse monstro e depois de muitos tratamentos consegui engravidar da minha querida Margarida através de FIV. Quando ela tinha 10 meses fiz mais uma e lá vieram o Afonso e a Mafalda. E pronto. Estava feliz da vida com 3 bebés!!! E não é que o universo me pregou uma partida? Quando os gémeos tinham 8 meses eu engravidei naturalmente do Gonçalo... o meu bebé milagre. Depois de tantos tratamentos engravidei apenas como fruto do amor!!!!

    Agora têm 7, 6 e 4 anos. E quem olha para mim com 4 filhotes agarrados às saias nem imagina o que eu passei para os ter!!!

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  2. Muito, muito linda! Também os meus ovários nasceram como os teus e durante 3 anos injectei-me. A minha M. mais velha foi concebida de modo natural mas com estimulação hormonal.! Aminha M. mais nova foi concebida cerca de 14 meses depois, numa altura do campeonato em que eu me preparava para recomeçar a injectar-me...Como não chegou a haver estimulação e os síntomas assim o indicavam, pensou-se que poderia ser um tumor na hipófise! E hoje cá estou eu, vai que não vai à procura do 3º!
    Linda a tua história! Beijos!

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  3. Já leio o blog há algum tempo e fico derretida com a sua escrita, mas só hoje fiquei a conhecer a história por detrás dos piolhos. Fiquei comovida, tambem a minha M é fruto da 2ª Tec da 4ªFIV que fiz. Pelo caminho ficaram 2 gravidezes e 3 filhos que nunca esqueço, ainda tenho congelados e muita vezes penso se um dia não passarei da infertilidade para uma familia numerosa. Muitas felicidades
    L

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  4. É impressionante a quantidade de nós que luta em silêncio. Durante algum tempo tinha alguma dificuldade em dize-lo porque, de certa forma, era admitir uma falha, um problema, que me fazia sentir diminuída na minha condição de mulher. Hoje entendo esta adversidade como uma oportunidade. A luta, quando não nos mata, fortalece-nos. E, ainda que todas as mães tenham um amor incondicional pelos seus filhos, nós que lutámos por eles, acho que os amamos com uma força especial.
    Obrigada pela vossa partilha. Parabéns a todas as mães que, como eu, são casos de sucesso. E um grande beijo com uma dose extra de coragem para todas aquelas que ainda não o conseguiram.

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  5. Obrigada pela partilha. Também eu lutei 5 anos por esse milagre que finalmente aconteceu, quando tudo parecia correr mal.Hoje 4 anos depois, e a passar por alguns problemas de saúde, continuo a abençoar todas as injecções, punções e afins que me permitiram a felicidade de ser mãe de uma linda princesa.Beijo grande.

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  6. Obrigada pela partilha. Também eu lutei 5 anos por esse milagre que finalmente aconteceu, quando tudo parecia correr mal.Hoje 4 anos depois, e a passar por alguns problemas de saúde, continuo a abençoar todas as injecções, punções e afins que me permitiram a felicidade de ser mãe de uma linda princesa.Beijo grande.

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  7. Nós por aqui também lutamos durante 5 anos e após várias tentativas falhadas acabamos por realizar o nosso sonho. Hoje temos uma linda princesa com 2 anos e meio. Foram anos muito dificeis, muitas injeções, muitos negativos, mas no fundo tudo compensou. Curiosamente nunca me foi dificil falar sobre o assunto com as pessoas que me são mais proximas. Bjs

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  8. Fiquei mto emocionada com o seu post (e na verdade as hormonas não ajudam nada).

    Sou mãe de um Príncipe lindo com 3 anos e ando há cerca de 2 anos a tentar dar-lhe um irmão/irmã. Ser mãe foi sempre tudo o que sonhei, de mais do que uma criança se possível. Mas a vida deu outras voltas e acabei por sê-lo mais tarde.

    Com o meu filho engravidei "à primeira", agora está a ser difícil: reserva ovárica baixa (mesmo p/ os meus 39 anos), q nem com a estimulação aumenta por forma que justifique a FIV (embora seja uma solução que não posso descartar, mesmo que seja para retirar apenas dois óvulos).

    Acho que sou um caso de infertilidade secundária. Sou mto ansiosa o q se agravou ainda + com tudo isto. E dp há as emoções que o pp processo gera: já tenho um filho, não me posso comparar a quem nem um consegue, mas isso n me tira o desejo/legitimidade de querer voltar a ser mãe, nem diminui o grande amor que sinto pelo meu filhote. Enfim, julgo que compreende isto tudo.

    Desculpe o desabafo, mas é como diz: só quem passa por isto o percebe.

    Agora vou até ao site que indicou ver se compro uma N.ª Sra.ª do Ó. :-)

    Susana

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  9. Um grande beijinho a todas, recheado de FORÇA, sobretudo a quem anda na aventura do "mais um" (ou 2!).
    Recebi entretanto alguns e-mails de casais que ainda não conseguiram o que nós conseguimos. Espero que os nossos casos de sucesso lhes renovem a esperança.
    Até breve! E contem notícias desses rebentos.

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  10. Sabe estou na fase em que não acredito mais... tudo dá errado.
    Mas enfim,ainda tento como e quando posso, vai ver no fim ainda acredito, fico feliz de saber que ainda acontecem coisas assim...

    Parabéns pela perseverança!

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  11. Acontecem, sim. Aqui em casa vamos torcer muito por si e por todos os casais que aqui deixaram o seu testemunho e continuam a a sua luta. Um beijinho e FORÇA!

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