Coisas de educar com papelinhos

- 12.10.15

Cansada de me "passar" com a peste número 1 cá de casa, o senhor Dudu, fechei-me no quarto a respirar fundo e a pensar que teria de arranjar uma solução criativa para resolver o conflito latente Mamã-Dudu. Saí com a solução possível - não muito criativa, mas pronto:

(Mãe) Dudu, vou pôr esta folha no frigorífico. De um lado estou eu, do outro estás tu. A mãe vai fazer um esforço grande para não se passar contigo. Vou deixar de berrar e de te prometer castigos para a eternidade. Sempre que eu falhar, levo um tracinho. Já tu, tens de te comprometer a não me fazeres perder o juízo. Não podes ser malcriado, responder-me torto nem bater com as coisas quando estiveres enervado. Sempre que o fizeres, és tu que levas um risquinho.


O papel manhoso ficou no frigorífico. E o primeiro a levar tracinhos, num fim de semana atribulado (ainda por cima com chuva!) foi o Dudu. Eu fiz um grande esforço para não levar tracinhos (Sara, controla-te!), mesmo quando ele prometia virar a casa do avesso. Afinal de contas, se ele está em idade de aprender a controlar-se, eu já levo 37 anos disto. Era minha obrigação conseguir manter a serenidade até nos piores cenários.

Mas ontem, fim de tarde de domingo, depois de o pequeno Dudu já ter esticado a corda até ao limite, senti-me naquele limbo difícil (ai, Sara, que tu não te vais controlar!). E a dada altura disse mesmo para mim mesma: "Que se lixe! Ele vai mesmo aprender uma lição!"

E o que se seguiu não foi bonito. Berrei, persegui-o pela casa toda, pu-lo no quarto de castigo... e depois fui pôr um tracinho no frigorífico. Um no lado dele... outro no meu! E, quando ele acalmou e eu fui falar com ele, contei-lhe o que tinha feito:

(Mãe) Das quatro vezes em que te portaste muito mal, Duarte, só me enfureci numa delas. Eu estou a fazer um esforço grande para não ter tracinhos do meu lado. Agora, tu tens de fazer um esforço para não teres tracinhos do teu. Temos de ser os dois a tentar, se não isto não vai resultar...

Pediu desculpa e prometeu que ia tentar melhorar o comportamento. Eu também. Porque não, a maternidade não é coisa fácil. Exige habilidades que às vezes não possuímos. Exige controlo, disciplina e liderança, que às vezes são características que não temos. Ser mãe é trabalhar isso tudo, diariamente, com cada filho. E quando nos sai um diabrete na rifa, mais exigente se torna essa tarefa. É como ter um cliente mais difícil, combater um vírus mais potente, pentear um cabelo mais rebelde, jogar contra um adversário cheio de bons jogadores. Estamos sempre em jogo, e perder não é uma opção. Mas ganhar... ganhar, às vezes, dá mesmo muito trabalho!

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7 comentários

  1. Olá! Posso copiar a sua ideia? Tenho um diabrete com 4 anos em casa e já não sei o que fazer... Ele inventa cada uma que a paciência esgota-se...

    Sandra

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  2. Claro que sim, Sandra! Copie o que quiser :). E partilhe também comigo as suas experiências e soluções. Temos mesmo de nos unir nestas matérias para as quais não há fórmulas fechadas nem soluções milagrosas.

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  3. O meu filhote faz birras na hora das refeições e na hora de ir para a cama. Na hora das refeições experimentei cantar uma canção para o distrair e tem estado a resultar, são dias em que as birras, se aparecem, são mais curtas. Na hora de dormir está mais dificíl. Leio 1, 2 ou 3 histórias e ele quer sempre mais e acaba por aparecer a birra na mesma. Já estou um bocado cansada destas birras, fora as outras (para despir, para vestir, para calçar, para sair de casa...) Tem dias em que me sinto sozinha e sinto que o meu filho é o único que faz estas coisas. Por isso vou tentar a sua ideia e ver como corre...

    Sandra

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  4. Não é a única, não! Garantidamente :). A fase das birras passa por todos, e há crianças com as quais é verdadeiramente difícil lidar. No seu caso do meu filho, acho que já não é só "fase". É mesmo mau feitio :). Mas se fôssemos todos iguais, certinhos e de comportamento exemplar, o mundo também não tinha a mesma graça...
    Boa sorte! Pense positivo: uma criança difícil é um treino excelente à nossa paciência e um apelo constante à nossa criatividade. Ficamos pessoas melhores, depois de um bom "pestinha" passar pelas nossas vidas... ;)

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  5. Olá Sara

    Pois eu acho que o meu também tem mesmo mau feitio. Estou a tentar ensiná-lo a lidar com as contrariedades de maneira diferente, até comprei um livro de meditações para crianças que ainda não experimentei porque é preciso uma melodia suave (tenho de pesquisar o youtube) e o portátil avariou logo agora!! Tenciono experimentar em breve, ou seja, assim que o técnico consiga ver o que se passa! Obrigada pelas suas palavras, é bom saber que não estou sozinha nesta "luta" com o meu pestinha!

    Sandra

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  6. Também tenho andado a experimentar as meditações cá em casa. O meu filho custa a ficar sentado de olhos fechados, mas fica mais calmo depois delas. Tenho feito antes de dormir. Que livro é que comprou? Eu tenho feito as da Isabel Leal, que tem livro e CD, mas só contém 6 meditações, preciso de variar um bocadinho... Obrigada!

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