Julgava que já estava a dormir, mas chamou-me há uns minutos, da caminha:

(Mamã) O que foi, Nonô?
(Nonô) Tens as mãos frias, mamã?
(Mamã) Tenho.
(Nonô estende-me as suas) Então dá cá. As minhas agora estão quentinhas...

Não resisti a aquecer as minhas na dela. E o coração ficou também mais quentinho :)
Chegados a casa à noitinha, eu e os filhotes mais velhos ficámos rendidos a uma grande lua cheia amarela, que nos olhava do céu. E o Afonso começou a soltar as suas perguntas improváveis:

- Existe fogo alto e fogo baixo?
- ????
- Se é a lua que faz com que haja maré alta e maré baixa, também pode mexer com os outros elementos. Água... Fogo... Terra... Ar.
- (...)
- E se na lua não há gravidade, se ela começasse a arder, o fogo andava pelo ar? Ou não pode haver fogo sem gravidade?

Definitivamente, não me sinto habilitada para responder às dúvidas astronómicas do meu filho. Se algum de vocês, leitores, quiser facultar-me algumas respostas de jeito, ficarei bastante agradecida.
A Nonô colocou os bonecos no sofá, enquanto o Dudu colocava o CD no rádio. Deolinda, o CD preferido da mamã (dentro dos "surrupiados" por ele). Depois sentaram-se os dois, expectantes.

- Dança, mamã.
- Querem que eu dance para vocês?!

Anuíram os dois. E a mamã dançou.

- Mamã... canta também, ao mesmo tempo.

Arrisquei e eles sorriram, felizes, apesar da trapalhice da dança e da imperfeição vocal. Estão apostados em transformar-me em Xana Toc Toc cá do sítio, disponível 24 horas por dia para sua felicidade e contentamento...
(Mamã reúne as tropas para a história de boa noite. Nonô aparece com o seu computador das princesas e senta-se ao lado da Mamã, atarefada)

- Mamã, hoje não posso ouvir a história. Tenho muito que trabalhar...

(Qualquer semelhança com a sua mamã é pura coincidência...)
O Dudu não entende que a sua mana gémea tenha amigas com quem goste de brincar mais do que com ele. Mete-se entre ela e as amigas, faz disparates para chamar a atenção e, à falta dela, começa mesmo a fazer-lhes patifarias.

(Mamã) Dudu, não pode ser, filho. A Nonô tem as amigas dela e tu tens os teus amigos.
(Dudu) Mas eu quero brincar com a Nonô!

A conversa foi longa, sempre à volta do mesmo. Tão longa que a Nonô perdeu a paciência a dada altura e resolveu ser ela a arrumar o assunto.

(Nonô) Dudu... os meninos casam com as meninas. Mas tu és mano e não podes casar comigo. Percebeste?

Não sei se vai resultar. Mas lá que o argumento é forte, isso é!

Como é que nos zangamos com uma filha que nos diz "Olha, mamã. Desenhei a nossa família!"?

Mamã sentada no sofá a olhar para a Nonô, alegadamente com cara de zangada.

(Nonô) Que cara é essa, mamã?! Estás a fazer xixi no sofá?
Dudu no quarto a fazer birra. O Papá mandou o Afonso acalmá-lo. 5 minutos depois, o Afonso estava de volta:

- Foi tão fácil! Só tive que lhe dar abracinhos e beijinhos. Ah, e prometer-lhe que lhe ia contar a história dos 3 Porquinhos.



Vinte minutos e seis histórias depois:

- Vitória, vitória, acabou-se a sexta história. Ó mãeeeee! Podes-me substituir? Já não aguento mais!!!!

E o Afonso percebeu por fim que o complicado da maternidade não é o momento individual, mas sim a necessidade de um investimento constante. É isso que nos sai do pêlo... mas sim, claro que vale a pena!


O livro de boa-noite hoje falava de um menino que inventava uma mamã-robot.
(E a mamã pensava que não seria assim tão mau ser uma mamã-robot)
A mamã-robot estava sempre presente.
(E a mamã pensava que, se fosse robot, podia ter muitos braços e chegar a todos os filhos, para que eles sentissem mais presença em cada instante)
A mamã-robot cozinhava coisas muito boas.
(E a mamã pensava que, se fosse um robot, talvez cozinhasse melhor e toda a gente cá de casa lhe gabasse os seus pratos)
A mamã-robot não obrigava a comer sopa e legumes.
(E a mamã pensava que, se fosse um robot, também não se preocupava em obrigar os seus filhos a comer aquilo que lhes faz falta)
A mamã-robot tinha força para defender os seus filhos dos ladrões, dos rufias da escola, dos animais selvagens...
(E o que a mamã gostava de ter a força de uma máquina para tudo isso, e ainda para derrubar todos os demais obstáculos da vida dos filhos).
Mas a mamã-robot não era quentinha, não fazia cócegas nem dava beijinhos.
(Pois é... se a mamã fosse um robot, talvez fosse mais perfeita... mas depois quem é que dava amor aos seus filhinhos?)
23h. Dudu ainda acordado, chama pela 100ª vez pela sua mamã.

- O que foi agora, Dudu?
- Ó mãe... não podemos matar os peixinhos. Eles só querem nadar.
- Ó filho, está bem. Mas agora dorme.
- E os outros animais também não. Nem os das florestas.
- Está bem, filho. Não vamos matar nenhum animal.
- Nem podemos comê-los.
- Está bem, filho. Mas agora dorme.

Aos três anos, o meu filho decidiu ser vegetariano. Estou feita ao bife! (ou ao tofu)
Cada vez que vejo o filme da Sininho com a minha filha, imagino um mundo onde um velhinho sábio tem ao seu redor um punhado de crianças, todas sentados na natureza, e lhes ensina coisas sobre o mundo. E as crianças perguntam:
- O que é que eu vou ser quando for grande? Qual é o meu dom?
- Calma. Todos têm algum. E todos são importantes. Mas é preciso ter paciência. Temos de estar atentos a tudo o que nos rodeia, observar, experimentar, aprender, viver... e, quando menos esperarem, o vosso dom vai revelar-se e é ele que vos vai guiar por toda a vossa vida...

Acho que ainda estamos bem longe de um ensino assim, mas para mim é sempre uma vitória ver publicados livros como este, que dizem que temos que virar o ensino de pernas para o ar. É que, na verdade, tão importante como ensinarmos muita coisa às nossas crianças, é dar-lhes tempo e espaço para elas se descobrirem, se desenvolverem e ensinarem ao mundo tudo o que já sabem.

(Sebastião) Mãe, podes convidar a J. para vir cá a casa?!

(No mínimo estranho. O Sebastião está na fase de, à semelhança do irmão, querer as miúdas a uma distância confortável de segurança)

(Mãe) Posso. Mas porquê?
(Sebastião) Estou a fazer um livro com ela.

(Qualquer dia não tenho tecto para albergar tanta escritor!!!)
- Afonso, gostavas de tocar guitarra portuguesa? São 12 cordas, em vez de 6.
- Sim... Mas também era giro inventar uma guitarra de 24 cordas...

O rapaz é um criativo, não há nada a fazer!
Desde o verão que ando a impingir livros ao Sebastião, para o motivar para a leitura. Já experimentei várias coisas, diversas estratégias, mas ainda nenhuma pegou. O Afonso também só despertara para a leitura no seu 3º ano, por isso estava esperançada de que fosse uma questão de tempo e paciência, mas o Afonso tratou de me facilitar a vida:



- Que livro é esse, Sebastião?
- Vou lê-lo. Fiz um acordo com o Afonso. Vou ler duas páginas por dia.

O Afonso apareceu nesse momento, sorrateiro, e piscou-me o olho. Quanto não vale um aliado destes...


Desde que a tia C. ofereceu um kit de espiões que o quarto do Afonso se transformou num bunker de espiões especializados em código morse. Hoje tentei entrar lá para ir contar a história da noite, e fui barrada por desconhecimento da palavra passe.

- Ó meninos... vá lá! Olhem que assim não há história...

Para o Afonso era indiferente, tem lá os seus livros, mas o Sebastião não queria ficar sem história, por isso pediu ao Afonso para sair.

- Afasta-te, mãe.

Tive que me afastar e assistir a uma troca de palavras entre ele e o irmão - em código morse - pelo buraco da fechadura. Depois diz o Sebastião:

- Levo companhia.

E o mano Afonso deixou-nos entrar... mas só durante 10 segundos. A história teria de ser lida noutro quarto. É que a mãe ainda não tem habilitações. Não tem cartão de espião (os deles até têm foto!!!) e, definitivamente, tem de voltar a estudar código morse. É caso para dizer:

... - - - ...

Bacalhau com todos em mais um jantar atabalhoado:

(Dudu) Mamã... isto é peixinho?
(Mãe) É sim.
(Dudu) E vive no mar?
(Mãe) Sim, Dudu. Os peixe vivem no mar.
(Dudu) Oh! Então não se podem matar...

Sempre gostou de peixe. Mas o peixe hoje cheirou-lhe a morte. Comeu ovo com todos. Ainda não sabe que os ovos são pintos que nunca chegarão a nascer...
No hall de minha casa digladiam-se poderosas forças da natureza...

(Dudu após o banho)

- Ó mamã, tu magoaste-me...
- Eu, Dudu?!?

(Dudu olha-me nos olhos, lá bem para o fundo)

- Ah, não. Não foste tu. Foram só as tuas unhas.

(Diferença fundamental, descoberta lá bem no fundo de quem se olha)
Mamã em dias de chuva, segundo a filhota Nonô...

- Que animal é que gostavam de ser? - perguntou o Sebastião à hora do almoço.
A mãe disse cavalo.
- Então terás o poder do cavalo! Correr veloz.
O Afonso disse raia.
- Então terás o poder da raia. Lançar veneno.
A Nonô disse porco. Mais complicado...
- Então terás o poder do porco. (seja ele qual for)
Faltava o Dudu.
- Eu sou um macado do nariz!
Risota geral. Comida engasgada. Talheres pousados à balda numa toalha já cheia de nódoas.
- Os macacos do nariz não têm poder, Dudu.
- Têm sim. Têm o poder... de lançar sangue! É o sangue do nariz!

- Mamã, sabes que eu já sou uma Nonô grande?
- Sei sim, filhota.
- Então agora já não sou tua filha.
- Podes continuar a ser. Tu já és a Nonô grande, mas eu também já sou a Mamã velhota.
- Ah, está bem.

Espero que a tenha deixo mesmo convencida.......
Depois de uma sesta de duas valentes horas, o Dudu encheu quase um caderno com pedras.

- Mas tu hoje só desenhas pedras, Dudu? Porquê?
- É a pedra onde eu fui, com o papá.
- Mas qual pedra?! O pai levou-te a uma pedra?? Quando é que isso foi?
- Foi nos meus sonhos.
- Ahhhh! E era uma pedra na praia?
- Não, era na montanha. E depois apareceu o Mickey.
- Ai foi? Que giro! Mas era um boneco?
- Não, era mesmo o Mickey. E ele falou comigo. Perguntou porque é que eu não tinha uma moeda, para o carro dele...

É certo que me tinha zangado com o Dudu "à séria" para ele ficar na cama, mas pelos vistos valeu a pena, pela "viagem"...
Com a renovação da inscrição da Revista Amiguinho, aproveitei e pedi que ela começasse a chegar a nossa casa com o nome dos meus dois filhotes mais velhos. E ontem, quando retirámos o envelope da caixa do correio, e o Sebastião viu o seu nome no envelope, olhou para mim e fez-me aquele sorriso que só ele tem. Não há dúvidas de que às vezes é nos pequenos pormenores que se fazem as grandes diferenças.


Só hoje tive tempo de pôr os meus filhos em frente à ex-horta cá de casa e de lhes dar aquela que eu achava que era uma grande lição de vida:

- Vêem, meninos? Quando não cuidamos do nosso jardim, não podemos evitar que cresçam as ervas daninhas.

Mas o Afonso anda nesta vida para me pôr em causa e, claro está, para me fazer ver que, se eu tenho uma lição de vida, ele tem outra ainda melhor para me ensinar:

- Ó mãe... mas as ervas daninhas também libertam oxigénio, não é?
- Hum... sim.
- Então as ervas daninhas também têm uma função, dão oxigénio para as pessoas respirarem. Qual é o teu problema com as ervas daninhas?!

Mai'nada! São esteticamente desalinhadas e talvez não sirvam de alimento, mas nunca mais olharei para as ervas daninhas da mesma forma...
Mais um desenho da minha Nonô, descoberto na parede da escola: à direita temos os dois gémeos, por debaixo do sol, à esquerda temos o Sebastião, e no meio a mamã, bem esverdeada. Quase todos têm cinco dedos, nariz e orelhas. Mas o mais gosto sempre de ver são os nossos sorrisos :).



Ora aqui está uma bela lição para dar aos meus filhos, visível na nossa própria casa, brotada na nossa própria terra: Quem não cuida do seu jardim, não pode impedir que cresçam em si ervas daninhas...



De volta a casa, depois de umas noites a experimentar as camas da casa dos avós, o Dudu recuperou cada um das suas "exigências" para dormir (a que a mãe vai cedendo, sob condição de ele não sair do quarto até adormecer...):
- Os amigos... para lhe fazerem companhia.
- Os livros... para ter bons sonhos.
- As ferramentas... ainda não percebi bem porquê.
- O rádio com os CDs... Para não ter que ficar lá a mãe a cantar.
- Uma "massa"... para o caso do Lobo Mau aparecer.

Eu sei, eu sei... Ao quarto filho nada disto deveria ser necessário. Ao quarto filho era suposto já se conseguir deitar os filhos sem estas mariquices. Mas pronto. O primeiro Pai que nunca tenha feito nada semelhante (ou nunca se tenha sentido tentado a) que atire a primeira pedra...

(Mãe ao telefone com o filho Afonso, que está em casa dos avós):

- Então o que é que estás a fazer?
- Estou a jogar Monopólio com o mano e o primo.
- E estás a ganhar ou a perder?
- Ainda não sei. Acabei de entregar tudo o que tinha ao primo Z. Caí num hotel dele e, para pagar a dívida, tive que lhe entregar tudo.
- Então já perdeste, Afonso.
- Não... porque eu estive a fazer um cartaz a dizer que não tinha nada, e que pedia àquele a quem calhasse o monte de dinheiro que está no meio do tabuleiro, que mo desse. Assim posso voltar a jogar...

É certo que a vida não é assim tão simples. Mas que ele está a começar a mostrar-se desenrascado, isso está...
Depois de ganhar uns quantos cabelos brancos a corrigir os TPC de férias dos mais velhos (em que voaram borrachas entre manos, lápis foram afiados até quase desaparecerem, e os vizinhos ouviram o vozeirão da mãe - tenho que me lembrar de fechar a janela do WC aos Domingos!), fui procurar os gémeos, que tinham ficado a brincar sozinhos.


- O que é que estás a fazer, Nonô?!?!
- Estou a preparar a mochila para levar para Évora.


- O que é que estás a fazer, Dudu?!!
- Estou a construir um escorrega no meu quarto.

Posto isto, penso que estou dispensada de explicar por que razão raramente convidamos pessoas para nos visitarem aos Domingos...

Há dois dias que a Nonô anda com o livro "Uma Aventura Alarmante" de um lado para o outro. De vez em quando abre, finge ler um bocado, depois marca o livro e segue para outra brincadeira. Não é difícil adivinhar porquê. Está apenas a tentar imitar o mano mais velho, que não larga os seus livros Cherub. Mas hoje a pergunta impôs-se:

- O que é que estás a ler, Nonô?
- Este livro?
- Mas tu sabes ler?
- "Sabo", "sabo".
- E a história é sobre o quê?
- É uma aventura. Uma aventura do Afonso (Pedro), do Duarte (João), do Titão (Xico), de mim e de ti (as duas gémeas... claro!).

Sem dúvida. Essa é, por enquanto, a grande aventura que ela "lê" todos os dias...


Descobri porque é que a minha filha Nonô me aparece volta e meia toda pintada. Chega a vir tomar o pequeno-almoço já de make-up feita. O segredo estava bem guardado num estojo Lancôme que o papá dera em tempos à mamã e que a Nonô achou nas suas explorações pela nossa casa de banho. Efetivamente, o estojo estava com falta de uso...


(Nonô para uma senhora velhinha que se meteu com ela, já muito curvada e com dificuldade em andar):

- Ó sinhora, tu p'ecisas de um pau, ou de um guarda-chuva, para não caíres...
Hoje faz anos a pessoa mais velha da minha família. Aos 93 anos (se as contas não me estão a faltar), a minha avó já não fala e parece perder-se por vezes numa ausência onde o tempo e o lugar já não importam. Hoje não consegui ir vê-la, mora muito longe e a vida é esta correria que todos sabemos. Mas em dias como este não posso deixar de pensar que descendo de uma mulher que cuidou de cinco filhos, a quem amassou o pão e costurou as roupas, num tempo que era de outras dificuldades, que nem consigo imaginar. Viu três deles partirem para África, para combater. Outros dois partiram para terras distantes, em busca de oportunidades que a sua aldeia não lhe dava. Todos sobreviveram, organizaram as suas vidas, e deram-lhe nove netos, que por sua vez já lhe deram onze bisnetos, cujas fotos repousam nas prateleiras do cantinho que é o seu. Não sei para onde vai o pensamento da minha avó, nas suas ausências, mas imagino que, presente, olhe para isto tudo e pense que, apesar de todos os sacrifícios por que passou, valeu a pena.

O meu beijinho de parabéns!




(Mamã) O que é isto, Nonô? Um balão? Um fantastinha?
(Nonô) Não, mãe. É um coração. Mas coitadinho... parou de bater!

Onde é que os miúdos aprendem estas coisas???
(Nonô) Mamã, podes comprar um chocolate?
(Mãe) Não, meninos. Não podem comer chocolate todos os dias.

(Tristeza, Raiva, Desolação)

(Nonô) Mamã... eu sou 3. O Dudu é 3. E tu, sabes o que é? És 1!!!

Sinto-me oficialmente ofendida...
(Mamã) Ó Nonô, estás a chorar porquê?
(Nonô) É assim. Às vezes estamos contentes, às vezes estamos tristes.

Mai'nada! Tão natural como haver dias de chuva ou dias de sol. Lá pelo meio, uns arco-íris...
O desafio da composição era simples: lançar um aviso ao Coelho Saltitão e seus amigos, para que fujam do Leão.
Início da composição do meu filho Sebastião:

"O meu nome é Sebastião, pus câmeras na selva e vi tudo..."

Qualquer semelhança com o "Truman Show", que ele esteve a ver ontem à tarde, é pura coincidência...


(Dudu) Mamã, mamã... eu também quero comer "diarreias"!



- Nonô, quem é que pôs aqui esta foto na parede?
- Fui eu. Gostas, mamã?
- Gosto, mas... puseste como?
- Com cola... E também pus uma no quarto do Dudu.

"A Joana vai comprar 4 ramos de flores. Sabendo que cada ramo custa 6 euros, quanto terá de pagar pelos ramos?"


- Afonso, que macacada é esta aqui no teu caderno?
- O professor disse que podíamos usar o método que quiséssemos. Eu inventei o meu...

Eu sei que apelo sempre à criatividade dos meus filhos, para qualquer coisa que façam na vida. Mas começo a achar que a criatividade não lhes vai dar muito bons resultados nos exames nacionais que terão no final do ano...

Os ângulos agudo, obtuso e reto são do Afonso (que não tem seguramente futuro no desenho técnico). Tudo o mais que pulula nos trabalhos de casa do mano mais velho, é da inteira responsabilidade dos manos mais novos...
(Nonô) Anda, Dudu! Vamos brincar. Eu sou uma Fada.
(Dudu) Está bem. E eu sou um Fado.

Sem dúvida. O meu lindo fado...
Nonô e Dudu no carro:

(Dudu) Nonô, eu vi um arco-íris.
(Nonô) Não viste, não. Eram flores, com cores. E água.
(Dudu) Não, não, Nonô. Era um arco-íris.
(Nonô) Não era, não. Parecia um arco-íris mas não era.
(Dudu) Ó mamãaaaaa! Eu vi um arco-íris. Eu vi.
(Nonô) Mas eu não vi. Por isso não era.
(Mamã) Ó filha... mas o mano pode ter visto e tu não.
(NonÔ) Não era, mamã. Era parecido. Eu sei.
(Dudu) Não, Não!!!! Era, era!

Foram 15 Kms de discussão. Se eu não estivesse na auto-estrada, tinha parado o carro e desenhado um arco-íris na janela...
Ver os meus filhos mais pequenos a brincar aos supermercados, é perceber como as coisas evoluíram em tão pouco tempo. Em vez de uma caixa registadora (e já nem falo do papel pardo onde se faziam as contas a caneta), eles usam um computador de brincar. E procuram o código de barras dos produtos, que passam numa zona que eles escolhem com um sonoro "Zzz". Já não são filhos de mercearia. Cresceram num mundo hipermercado!
(Afonso, na sua idade espertalhona)

- Queres ver uma magia, mãe? A calculadora não tem letras, pois não?
- Não. Tem números.
- Mas eu consigo mexer apenas nos números (carrega nas teclas) e... tcharan, escrever a palavra ERRO!
Pergunta constantemente porque é que o nosso carro não voa. E ontem pediu-me, com olhinhos meigos:

- Quero a minha caminha no céu.
- O quê, Dudu?!
- Quero a nossa casinha no céu. Podes pôr umas escadas, para subir?

O meu pequeno Gormitti do Ar quer viver nas alturas. Mas por enquanto, acho que terá que se contentar com uma casinha térrea de dois pisos...